segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CONDICIONAL

Fartamo-nos de “ses”, de verbos acabados em “ia” de filmes e mais filmes e de vivermos à volta de suposições. Ou melhor, não nos fartamos e o problema é mesmo esse. Passamos a vida a imaginar como seria se isto ou se aquilo acontece, e o problema é que às vezes o “isto” e o “aquilo” até são irrealizáveis. Sofremos muito à custa disto porque iludimo-nos e a desilusão surge sempre como consequência lógica da ilusão e é-lhe directamente proporcional (quanto maior a ilusão, maior a desilusão).

Imaginamos o rapaz perfeito, uns pais maravilhosos, uns amigos melhores do que os que temos (se for possível!), enfim, uma vida de sonho! Queremos ter tudo e acabamos por perder até o que tínhamos antes. Perdemos demasiado tempo a imaginar a nossa vida como gostávamos que ela fosse e esquecemo-nos de como ela é de verdade. Esquecemo-nos de ver os pais que podem não ser de sonho mas que são os melhores que temos, de ver os nossos amigos que estiveram sempre lá a chamar por nós e de viver a nossa vida, aquela que mais ninguém se vai lembrar de viver por nós.

Pensamos que as pessoas vão mudar, que era o melhor para todos e sentamo-nos à espera que isso aconteça. Perdemos tempo com gente que não vale a pena e que nunca vai mudar sem ver quem está lá e é bem melhor de que os sonhos todos.

Temos todos uma obsessão pelo inalcançável que é saudável, até determinado ponto. Desde que se saiba que a imaginação muitas vezes não chega a tornar-se real e que o real pode facilmente passar a inalcançável podemos sonhar sempre!

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